A Floresta Cidade também atua no ensino da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Através das disciplinas eletivas e optativas disponíveis no Departamento de Projeto Arquitetônico e também atuando em parte no Projeto Arquitetônico I. A proposta é estabelecer um ateliê de projeto baseado na experimentação e no debate em torno dos impasses e das potencialidades do Antropoceno. São alguns dos nossos desafios pensar em métodos participativos e sensíveis, entender a matéria da construção como cíclica e viva ou como Terra e tocar em questões espirituais sem que isto aparente ser algo negativo ou delirante.
O destaque aqui é para a metodologia tanto de debate como de projeto. Através de leituras coletivas e palestras, a metodologia ligada ao debate busca desenvolver a escuta das sensibilidades que raramente entram nas universidades como as ameríndias, afro-diaspóricas, feministas, ativistas ou mesmo de uma ciência e de uma arte menor. Já a metodologia participativa e afetiva de projeto é corporal, fruto de mais de 15 anos de pesquisa da professora Iazana Guizzo, que é também a coordenadora do Floresta Cidade. O método de projeto Terceira Margem convida os estudantes a participar de vivências sensoriais que recuperam memórias, ativam desejos e promovem sensações para que com elas um pertencimento ao próprio corpo e ao corpo da Terra possam ser experienciados de modo singular.
É esse pertencimento que faz com que o exercício de projeto mude desde seu sentido até a sua materialidade. Projetos que entendem a terra como viva, que propõem as árvores como protagonistas, que quebram o chão para recuperar as conexões, que fazem da cobertura uma abertura ao cosmos, entre outros tantos exemplos, dão o tom de um ateliê que busca pensar o fazer da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo a partir das sensações experimentadas nos próprios corpos e dos problemas debatidos coletivamente em aula. Assim, o exercício do (des)construir nossas cidades não passa de um meio para alcançar certos resultados coletivos, como já dizia Lina Bo Bardi. É a arquitetura e o urbanismo a serviço da regeneração ou da reativação dos territórios. Isto é, ao contrário de compor uma cadeia de sucessivas formas de morrer vinculadas à extração, aos resíduos e a ausência de pertencimento aos territórios, a proposta recai na pesquisa do ofício do arquiteto/urbanista/paisagista como um meio de incitar ciclos de vida.