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O Trabalho Final de Graduação (TFG) do Arquiteto e Urbanista Daniel Carvalho Mendonça

  *resumo introdutório floresta*

O Floresta Cidade traz um resumo dos questionamentos e assuntos que são abordados no trabalho, para aqueles que tiverem mais interesse e quiserem acessar o caderno inteiro, disponibilizamos o caderno final ao final da página. 

O Rio em Volta Redonda : notas sobre arquitetura e o progresso

Arquiteto: Daniel Carvalho Mendonça

Orientadora: Iazana Guizzo 

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo 

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Ano: 2022

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Como a Arquitetura e o Urbanismo podem responder ao Antropoceno? Ao longo da história esses campos de conhecimento, com suas inteligências e tecnologias, tiveram robusta contribuição para o estado de cisão entre a vida humana e a vida do planeta que habitamos: um pretensioso entendimento ocidental de que cabe ao homem branco submeter toda espécie de vida às suas vontades. Encarando o desafio metodológico inovador de pensar a perspectiva cartográfica de pesquisa em Arquitetura, e o de explorar uma forma de expressão ensaística para suas representações gráficas, partimos da cidade de Volta Redonda/RJ - Brasil para percorrer as curvas e os meandros de um território intimamente ligado à lógica do progresso pós-colonial. Ao longo de seu processo, recorre ao rio Paraíba do Sul como intercessor de pesquisa na intenção de cartografar atitudes projetuais que portam potência de transformação na postura ética e profissional daqueles que ainda hoje trabalham para a obsoleta manutenção do progresso pelo progresso. Configura-se como projeto de pesquisa-intervenção o fechamento temporário de trânsito de automóveis - em destaque para uma das pontes da cidade abordada na pesquisa - para a sequente ocupação de pedestres do território em questão. Com um gesto sutil, à revelia de um suposto progresso expropriador e através do Rio Paraíba do Sul, buscamos aproximar a população da cidade, questionar o seu sentido urbanístico a fim de ativar novos territórios.

 

DE LONGE

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DE PERTO

Este capítulo é um convite para um salto e um mergulho por São Conrado, de modo a atravessar duas aproximações. Esta primeira é aérea, como em um dos voos de asa delta ou parapente que já fazem parte da rotina local a fim de contemplar o contexto geográfico em menor escala, enquanto se plana no ar.

O bairro se situa entre o mar e o Morro do Cochrane, Morro Dois Irmãos e todo conjunto rochoso formado pela Pedra da Gávea, Pedra Bonita e pela Agulhinha da Gávea. Por isso, o bairro engloba diversas nascentes. Integrante da Macrorregião Oceânica hidrográfica do Rio (uma das três que atendem a cidade), a sub-bacia de São Conrado conta com três rios: o Canal de São Conrado, que se inicia na Rocinha, o Rio Pires, com a nascente na Pedra Bonita, e o Rio Canoas. Este último é o de maior extensão, com 1,9 quilômetros e com origem na Serra da Carioca, ele acompanha a Estrada das Canoas, inclusive atravessando o edifício aqui tratado. Essa área é localizada nos limites das florestas do Parque Nacional da Tijuca, contendo então uma das maiores florestas urbanas do mundo. O território morfológico faz parte do Maciços Costeiros e Interiores, e, ainda segundo o PEU, “a floresta hoje existente que recobre o maciço é uma floresta secundária que regulariza a questão da hidrologia, marcada por uma alta suscetibilidade a deslizamentos em casos de grande volume de chuvas nas encostas.”

Esse respiro de Mata Atlântica exerce sua grandeza perante a cidade, a ponto de quem por ali passa pode não fazer ideia que ela não é uma mata virgem. Inclusive, é consideravelmente jovem: foi apenas há 160 anos, em razão da restauração ecológica da mata primária pelo processo de reflorestamento, que Dom Pedro II declarou as Florestas da Tijuca e das Paineiras como florestas protetoras.

A Estrada das Canoas é uma via de mão dupla, que se dá mais como uma rota alternativa do que tráfego principal de quem passa pelo bairro de São Conrado. O Esqueleto se localiza na encosta do Morro do Cochrane (680 metros), mais precisamente 300 metros acima do nível do mar, próximo da trilha da Pedra Bonita e da rampa de salto livre. Ali no alto da Estrada das Canoas, a construção permanece mais precisamente ao lado do Mirante das Canoas, no viaduto da Serpentina. O caminho da rua foi aberto na mesma época do edifício, quando a estrada de terra sinuosa entre os grandes morros deu acesso ao bairro Alto da Boa Vista, em 1949.

A narrativa da experiência do meu primeiro encontro com o objeto se mostrou a chave para o desgarramento das formas rígidas de se analisar e, consequentemente, de se projetar. Mais do que isso, confesso que só assim parei de perder o equilíbrio, pois parei de olhar de cima e pus meus pés no chão, de encontro com a própria existência.

Estar submetido às circunstâncias locais foi necessário para a formulação da minha própria perspectiva, visto que é a partir da vivência do corpo no espaço, da percepção dos cheiros, temperaturas, sons e movimentos que somos capazes de moldar nossas impressões de tudo que acontece ao redor.

 

DE DENTRO

Por que o sentido de habitar do homem moderno não dá espaço para os seres da floresta, não só como sobreviventes mas como agentes integrantes?

Meu pensamento visita todas as outras temporalidades em que aquele território poderia ter sido ouvido, onde talvez o homem não teria ignorado a essência daquele lugar, primordialmente. 

E se a floresta retomasse o espaço que o esqueleto invadiu?

Apresento uma realidade na qual esse território seria tocado por intervenções distribuídas em um circuito, com ambiências específicas que promovam o reencontro entre os corpos presentes com a natureza

As intervenções se apresentam em cinco cenários temporais distintos. Isto porque elas avançam de acordo com a diluição das lajes de concreto, isto é, proporcional com o acúmulo de entulho gerado. O respeito do tempo obedece a disponibilidade material, não só do entulho, ela se configura também na espera das colheitas dos bambus ali plantados.

 

Aqui finalizamos a rápida caminhada pelo O Rio em Volta Redonda: notas sobre a arquitetura e o progresso, um breve resumo para fomentar as discussões que são levantadas durante o processo do projeto. Para mais conteúdo, processo e informações, disponibilizamos um caderno para ser baixado a seguir, lembrando que o material gráfico (imagens, produção textual e montagens) encontrado no mesmo é de autoria do Arquiteto e Urbanista Daniel Carvalho Mendonça, caso usado, inserir o devido crédito.

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